sexta-feira, 8 de abril de 2011

Mais de quatro mil vão a enterros de vítimas do atirador; Rio custeia gastos...

Mais de quatro mil vão a enterros de vítimas do atirador; Rio custeia gastos

"Comoção no enterro de Milene"

RIO - A Prefeitura do Rio está custeando sete dos 12 funerais das vítimas do ataque à Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, na zona oeste. De acordo com a administração do cemitérios onde ocorreram os enterros, mais de quatro mil pessoas compareceram durante todo o dia aos sepultamentos de 11 das 12 crianças mortas. Segundo a subsecretária de Assistência Social, Fátima Nascimento, foi oferecida ajuda a todas as famílias, mas cinco preferiram arcar com os custos. Fátima disse que existem famílias muito carentes como a de Igor Moraes da Silva, de 13 anos, cuja mãe Inês Moraes é catadora de papel. Ela esteve no Instituto Médico Legal (IML) para liberar o corpo do filho e precisou ser amparada pelas assistentes sociais da prefeitura depois de ver o menino. Inês saiu do IML sem dar entrevista, pois estava muito abalada.

Milena Santos do Nascimento, de 14 anos, foi a quarta vítima do atirador a enterrada no Cemitério do Murundu, por volta das 15h. A adolescente foi sepultada sob aplausos de cerca de 200 parentes e amigos. Mais cedo, Bianca Rocha Tavares, Larissa dos Santos Atanásio e Mariana Rocha de Sousa, todas de 13 anos, foram enterradas no mesmo cemitério.

A mãe de Mariana, bastante emocionada, gritava que não conseguiria sobreviver sem a filha. Logo depois, ela passou mal e foi hospitalizada. Pessoas que acompanhavam o sepultamento aplaudiram quando o corpo foi enterrado. Ao todo, 155 pessoas foram atendidas pelos médicos da equipe do Programa Saúde da Família, das quais 13 foram removidas para clínicas e hospitais. A tia-avó da estudante Bianca sofreu um enfarte e foi levada para o Hospital Albert Schweitzer, em Realengo. De acordo com os médicos, a maioria dos atendimentos está relacionada a picos de pressão.

No Cemitério da Saudade, em Sulacap, também na zona oeste, outras quatro crianças foram enterradas: Karina Lorraine Chagas de Oliveira, Laryssa Silva Martins, Luiza Paula da Silveira, Igor Moraes da Silva e Rafael Pereira da Silva. Vários parentes e amigos estiveram no local.

Algumas pessoas também passaram mal e tiveram de ser atendidos pelo Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu), como a avó de Karine. 'Eu quero minha neta, quero minha neta', gritava ela pouco antes de ser carregada. Outro familiar de uma das vítimas sofreu um acidente vascular cerebral e também foi levado para o Albert Schweitzer.

Por volta das 15 horas, no Cemitério de Ricardo de Albuquerque, na zona norte, o corpo de Géssica Guedes Pereira, de 15 anos, também foi sepultado. Em Santa Cruz, a jovem Samira Pires Ribeiro também já foi sepultada. Já o corpo de Ana Carolina Pacheco da Silva, de 13 anos, segue no IML e será cremado neste sábado, no Cemitério do Caju, na zona portuária da cidade.

Autoridades. Um helicóptero do Grupamento Aeromarítimo da Polícia Militar prestou uma homenagem e jogou petálas de rosas quatro vezes sobre os cemitérios de Sulacap e Padre Miguel. Antes, a ministra da Secretaria dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, foi a primeira autoridade a comparecer ao velório ao Cemitério do Murundu e saiu chorando sem falar com a imprensa.

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, chegou por volta de 10h ao local e prestou solidariedade aos familiares das crianças. Logo depois, o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, também chegou ao cemitério, acompanhado da chefe da Polícia Civil, delegada Martha Rocha, e do comandante-geral da Polícia Militar, coronel Mário Sérgio Duarte.

De acordo com a subsecretária, uma equipe de 40 assistentes sociais está à disposição dos familiares desde ontem de manhã para dar apoio psicológicos e confortá-los até depois do sepultamento. 'No sábado e no domingo, as assistentes sociais vão às casas das famílias (dos alunos da Tasso da Silveira), não só das vítimas da tragédia. Todas as famílias estão muito fragilizadas e serão acompanhadas por tempo indeterminado. Os pais e as crianças têm de recuperar a confiança na escola', afirmou Fátima.

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